segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O pingo no & do sertanejo universitário

pra lembrar da Rosinha


'Um é pouco, dois é bom, três é demais', se orgulham as duplas sertanejas. Mas a moda de viola passou. A velha canção caipira não brada mais os ribeirões, tampouco os pássaros da campina enluarada. A sonoridade da sanfona ganhou ares modernos e o chapéu de caubói agora disputa espaço com gargantilhas estilizadas. A camisa continua xadrez, embora mais apertada. Eis o sertanejo universitário.

Se gosto é gosto, o que será o bom gosto? Amado por uns e odiado por outros, o velho sertanejo ganhou a vertente 'universitária' para dialogar com um determinado público. Sem pretensões de consagração na literatura brasileira, o papo dos caras é reto. Retíssimo, aliás. O sertanejo universitário não pede licença poética, pede licença da poesia. A falta de subjetividade é proposital e suficiente. Esse folk brazuca só quer saber do que pode dar certo, não tem tempo a perder.

Aos universitários o que é dos universitários. E o que diz respeito aos citados? Por natureza, a faixa etária dos ouvintes quer mesmo é trilha sonora para suas aventuras românticas, suas descobertas amorosas, investidas sexuais, tendendo sempre ao descompromisso. Com o rock nacional enfraquecido, o sertanejo tiozão teve de se reiventar para atender a meninada. Errado? Jamais. Coisa de demanda, uma hora o mercado supre.

Sutileza não é a proposta. O sertanejo universitário se coroa com a objetividade. Sem radicalizar, como o funk carioca, suas letras vão direto ao ponto e fixam a identificação entre o produto e o consumidor. E sem identificação não há venda. Além das letras, a melodia também é objetiva, o que torna a dupla Victor & Léo, por exemplo, grande campeã de pesquisa em sites de cifras para aspirantes a violeiros. Música fácil de se tocar é disseminada com igual facilidade.

Há, no entanto, um porém. A objetividade carimba na canção o prazo de validade. Ê, ma peraê, ouvi forró tocando e muita gente aê... Não, não é pecado você falar de amor. Mas hoje em dia já não vejo tanta gente aê...

O problema surge quando o casamento entre música e poesia é rompido, vira entretenimento barato, reclamam os infiéis. E universitário por acaso pensa em casamento? Ponto para vocês, gravadoras.

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